sábado, 18 de novembro de 2017

Contagem regressiva



Amigos, tudo bem?
Essa é a capa, e o prólogo do meu novo livro que está na reta final.
Confesso que estou feliz com o resultado, e espero, que quando ele estiver pronto, eu consiga publicá-lo rapidamente.
Resolvi postar aqui, o prólogo, para vocês sentirem o gostinho e quem sabe começarem a torcer por mim e desejar que ele saia do projeto e vire logo um livro de verdade.
Muito obrigado a todos que sempre me incentivam a escrever. Sem vocês do blog, eu acho que não gostaria tanto de escrever, como aprendi a gostar, postando por aqui, minhas Verdades e Bobagens.
Um grande abraço!





Prólogo

Três de fevereiro de dois mil e sete, dezoito e trinta. Um final de tarde quente, e úmido.
A cidade de São Paulo em horários de pico é sempre cruel para as pessoas. Geralmente, enormes engarrafamentos param a correria dessa grande metrópole, que desacelera bruscamente sua forma de viver o dia a dia. Se alguém depender das grandes vias de acesso para chegar a algum lugar com rapidez, certamente se frustrará, pois nesses momentos a cidade não reconhece pressa, não reconhece status, não reconhece posição social ou econômica. Todo mundo, sem distinção, fica aprisionado.

*****

- Marcos, onde você está? Porque está demorando tanto?
            - Desculpe doutor Flavio, mas estou preso no trânsito. Não tem como eu fazer nada.
            - E a Cristina? Como ela está?
            - Está se contorcendo aqui; a bolsa já estourou e ela está em trabalho de parto.
            - E agora? Como a gente vai fazer? Não dá pra buzinar, pedir ajuda, cortar o trânsito? Fazer alguma coisa?
            - Não dá doutor, o trânsito está parado em todas as direções. Não tem como passar nem com bicicleta, imagine de carro.
            - Mas que merda Marcos, arruma um jeito aí, o que não pode é aceitar o engarrafamento numa situação dessas!
            Marcos engoliu em seco. O parto da filha de seu chefe estava marcado para dali a três dias. Já estava tudo calculadamente acertado com o hospital do Morumbi e com a agenda do doutor Flavio. Ele chegaria dos Estados Unidos, onde estava á trabalho, no dia quatro de fevereiro, sua esposa seria internada no dia cinco, e daria à luz no dia seis, que era o mesmo dia do aniversário de Cristina. Mas o destino quis diferente, a bolsa se rompeu e Marcos teve que sair às pressas com sua patroa se contorcendo de dor, rumo ao hospital.
            - O senhor tem uma sugestão doutor?
            - Como eu teria uma sugestão se nem no Brasil eu estou? A sugestão quem tem que me dar é você, que está aí vivendo a situação.
            - Acho que a única solução é pegar o próximo desvio e seguir para o hospital Bento Cardoso que fica a uns dez minutos daqui.
            - O quê? Bento Cardoso? Mas você ficou maluco! Você quer levar a minha esposa, para ter a minha filha, no hospital Bento Cardoso?
            - O senhor pediu a minha sugestão não pediu? A dona Cristina está quase desmaiando de dor aqui no banco de trás...
            Marcos esperou a resposta do patrão sobre o que deveria fazer; dava pra escutar a respiração ofegante do outro lado da linha. Mas de repente a patroa no banco de traz soltou um gemido de dor tão assustador que o motorista não aguentou esperar mais:
            - E aí doutor Flavio? O que o senhor quer que eu faça?
            - Tudo bem, toca para o Bento Cardoso.

*****

            O hospital Bento Cardoso é um dos hospitais mais procurados pela população da cidade, funciona como se fosse a “Santa Casa” das cidades do interior. Quando alguém tem, qualquer coisa, de dor de barriga a derrame cerebral, o primeiro lugar que se lembra, é o hospital Bento Cardoso. Nesse dia não era diferente.
            - Misericórdia gente, por favor, alguém faça alguma coisa. – gritava Luiz nervoso. – Minha esposa vai ter minha filha agora. A bolsa estourou e ela está com muita dor.
            - Já chamei o médico senhor - falou o enfermeiro, ajeitando um colchonete num canto do corredor. – Não tem nenhum leito sobrando, e o médico que vai fazer o parto de seu filho está acabando de atender um rapaz que chegou baleado.
            - Mas como isso é possível? – falou Luiz gesticulando com o enfermeiro. – Minha filha vai nascer aqui no chão do hospital?
            - Senhor! – disse o enfermeiro tentando ser paciente - nós sabemos que é uma visão terrível, mas, por favor, deite sua esposa nesse colchonete.
            Luiz quis esbravejar com o enfermeiro, mas engoliu em seco quando viu que do lado de sua esposa, outro enfermeiro ajudava mais uma grávida a deitar-se em outro colchonete.
            Da porta do hospital, outra enfermeira gritou:
            - Arrumem mais um colchonete do lado das grávidas que vem chegando mais uma!
            Era Cristina, que vinha carregada por Marcos que falava desesperado:
            - Ela desmaiou! A bolsa já arrebentou a mais de meia hora e ela está fraca demais para dar à luz sozinha!
            - Tudo bem senhor! – falou a enfermeira guiando Marcos. – Deite-a nesse colchonete.
            - No chão do corredor? – perguntou Marcos aflito.
            - Senhor! – disse um médico que chegava se arrumando para fazer os partos. – Dê uma olhada á sua volta. A gente faz o melhor que pode, e nesse momento o melhor é esse corredor.
            Marcos levantou o olhar e reparou que o hospital estava realmente superlotado. Pessoas com fraturas expostas, baleadas, crianças chorando, pessoas desmaiadas nas poltronas que ficavam num tipo de sala de espera, choro de mães, de pais, correria de médicos e enfermeiros, e pelo menos cinco grávidas deitadas naquele grande corredor.
            Nesse momento mais três médicos apareceram colocando luvas e máscaras. Dava pra ver que um deles era anestesista, pois trazia seringas e vários frascos em suas mãos. Outro munido de um bisturi, entregou-o a uma das enfermeiras e falou:
            - Cesariana só em último caso!
            A enfermeira balançou a cabeça afirmativamente e depois de dar uma olhada no estado das parturientes, disse:
            - Doutor, eu acho que devemos começar por essas duas, uma está quase desmaiada e a outra está muito mal também.
            - Beleza! – falou um dos médicos, que parecia mais velho, se abaixando e ficando de cócoras. – Vou ver se reanimo essa aqui. – depois, virando-se para um médico bem jovem e com cara de assustado, falou: - Cuida dessa aí, se precisar de ajuda, me fala.
            Marcos e Luiz tremiam de medo. Um de ser demitido e processado pelo patrão, além de temer pela vida de sua patroa, e o outro de desespero ao ver sua esposa passar por aquela situação crítica e humilhante. Pra piorar, essa última frase que o médico mais velho disse ao médico do lado não ajudou nada para acalmá-los, pois denotava que além das condições ali serem precárias, nem todos os médicos estavam acostumados a fazer um parto.
- Moça! Moça! – falou o médico dando pequenas palmadas no rosto de Cristina. – Preciso que acorde! Vamos, chegou a hora de você trabalhar, senão seu filho não vai nascer.
            Cristina escutava uma voz distante e sentia que alguma coisa batia-lhe no rosto. Aos poucos seus sentidos foram voltando e ela conseguiu enxergar à sua frente uma pessoa vestida como se fosse um médico.
            - Hã... o... onde estou? – perguntou Cristina indecisa.
            - Está no hospital, eu sou médico e agora chegou a hora de você fazer força pra seu filho nascer!
            Do lado de Cristina outro médico falava para Raquel a mesma coisa:
            - Como é seu nome?
            - R... Raquel...
            - Então Raquel! – disse o médico segurando-lhe a mão e apertando. – Faça força! Respire, e faça força! Seu filho já está passando da hora de nascer.
            Os doentes e feridos que esperavam para serem atendidos, fizeram uma pequena aglomeração ao redor das mulheres grávidas e um dos enfermeiros teve que intervir:
            - Gente, deem espaço! As mulheres estão tendo nenê, caramba!
            Cristina, ao lado de Raquel começou a obedecer ao médico tentando fazer força, mas estava fraca e não conseguia. O médico percebendo a dificuldade da moça insistia:
            - Como é seu nome?
            - Cristina.
            - Cristina, a gente não está em situação de fazer uma cesariana, eu não sei se você reparou, mas a gente está no corredor de um hospital.
            Nesse momento, Cristina levantou um pouco a cabeça e olhou ao seu redor, a cena que viu não lhe agradou muito. Como a esposa de um dos maiores industriais brasileiros, além de político influente, foi parar num corredor de hospital?
            - M... mas c... como? – disse ela assustada olhando para Marcos, seu motorista, e depois, virando-se para o médico. – Eu tenho dinheiro pra c... comprar esse hospital se quiser! Meu m... marido é um dos industriais mais bem s... sucedidos do Brasil, nós te... temos negócios com o gov... governo, meu marido tem carreira n... na política...
            Essas palavras de Cristina chamaram a atenção das pessoas que estavam aglomeradas em volta das grávidas. Pessoas humildes que estavam ali por não ter outra opção; que sentiram dó da pobre moça rica dando a luz ali no meio do povão. Outras pessoas, sem dó, se aproximaram para fitar o rosto de Cristina e dirigir-lhe algum sorriso de zombaria e ao mesmo tempo de “justiça”, outros, se olharam sem entender a frase da moça e acharam que ela estava delirando, mas ao repararem em seus traços delicados e roupas finas, acabaram achando que ela realmente falava a verdade.
            - É minha senhora? – falou o médico enérgico. – Mas agora você pode escolher: ou dá à luz aqui mesmo, ou vai virar uma defunta rica e ser enterrada num caixão de ouro. A escolha é sua!
            Cristina fuzilou o médico com o olhar, mas logo entendeu que ele não tinha culpa de nada e estava ali tentando dar o seu melhor; por isso, consentiu com o olhar se entregando ao atendimento do médico.
            Um burburinho correu pelos corredores do hospital dizendo que uma mulher milionária estava dando à luz ali, e mais pessoas vieram ver o show.
Do outro lado, um grito de dor ecoou pelo corredor chamando a atenção de todos:
            - Força! Força! – gritou um terceiro médico.
            Nesse momento um choro esganiçado se ouviu e uma enfermeira pegou a criança dos braços do médico.
            - É um menino! – falou o pai sorrindo. – Pra onde ela vai levar meu filho?
            - Ele vai para o berçário, disse o médico. Lá um pediatra vai fazer os primeiros atendimentos, depois ele vai tomar banho e vai para o berço.
            - Vocês duas estão vendo? – falou o médico que atendia Raquel, ficando de pé e gesticulando para ela e Cristina. – Vocês duas estão muito moles!
            Luiz que acompanhava a tudo aflito virou-se para sua esposa, e falou nervoso:
            - Meu amor, faça força, por favor, senão a Manoela não vai nascer!
           - Ah... É uma menina! – falou o médico com um sorriso. – Vamos lá então dona Raquel, respire fundo e faça força!
            Marcos, ao lado de Luiz, olhava para sua patroa e não se conteve:
            - Dona Cristina, a senhora tem que fazer força também!
            Um homem com um corte na cabeça que estava esperando para ser atendido, um menino com a perna quebrada que gemia de dor, uma mulher que segurava um pedestal com um frasco de soro, outra mulher com dor nas costas porque levou um tombo no piso molhado de um supermercado, dois policiais, que acompanhavam um homem algemado e baleado por ter tentado fugir de um flagrante, uma mulher segurando um nenê infestado de catapora, uma mulher com uma grande ferida na perna, algumas pessoas aparentemente sem problemas e mais dois enfermeiros, olhavam fixamente para Cristina e Raquel, que resolveram, apesar das dores e da condição precária, fazer toda a força que podiam.
            - Isso dona Raquel, - falou o médico – respira e faz força!
            Aos poucos o bebê começou a despontar e sair, o médico, com habilidade, ajudava a mulher retirando a criança.
            Ao lado, Cristina tinha mais dificuldade, e toda a força que fazia não era suficiente para dar à luz sua filha. Foi então, que o médico que ajudava Raquel, aproveitando que seu bebê já tinha colocado a cabeça para fora, cortou um pouco do cabelo do bebê e passou discretamente para o médico ao lado, que pegou o chumaço de cabelo e colocou bem perto dos olhos de Cristina falando pra ela:
            - Tá vendo esse chumaço de cabelo aqui? É do seu bebê, mas parece que você não quer que ele nasça, pois não faz força!
            Esse gesto do médico caiu feito uma bomba na cabeça de Cristina, que ganhou uma dose extra de força que nem ela sabia que tinha.
            Ao mesmo instante nasceram as duas crianças. A filha de Raquel, que se chamaria Manoela, e a filha de Cristina que teria o nome de Patrícia.
            Os médicos entregaram as meninas para as enfermeiras, que rapidamente saíram com as meninas pra fazerem os primeiros atendimentos.
            As pessoas que assistiam aos partos aplaudiram as mães que mesmo com muita dor, retribuíram com sorrisos e muita felicidade.
            - Ufa! – falou um dos médicos. – Vocês deram trabalho pra gente hein!
            Marcos e Luiz, que acompanhavam a tudo muito apreensivos, abraçaram os médicos, e Marcos falou ao ouvido do que fez o parto do bebê de Cristina:
            - Doutor! Parabéns, que golpe de mestre o lance do chumaço de cabelo.
            - Ah, - respondeu o médico sorrindo – você percebeu!

            - Isso salvou meu emprego! 






quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Ao vencedor? Nada...




Ultimamente eu ando um pouco sem paciência com as coisas.      
No facebook eu vejo pessoas brigando por causas irrelevantes, e percebo que essas pessoas estão vazias.
Parece que ganhar essa batalha facebuquial, seria o mesmo que encontrar um bilhete premiado de alguma loteria que lhes desse um pouco de sentido para uma vida triste e sem sentido de ser.
As pessoas estão cada vez mais impondo as suas opiniões, e certezas. Parece que ninguém no mundo pode pensar diferente delas e que, opinar e aparecer, é mais importante que viver bem e feliz em comunidade e cultivando amizade.
As pessoas estão se tornando intolerantes e acreditam que o mundo inteiro virou um grande bulling, e que todos só nasceram para ter a função de sacaneá-las! Antigamente o nome disso era esquizofrenia, mas hoje, a gente tem que aguentar esses doentes mimados, senão pode ser acusado de algum crime.
 O individualismo está massacrando as amizades, porque cada vez mais as pessoas estão solitárias e trancadas em si mesmas.
É triste, porém também enche o saco. Muita gente cheio de mimimi, cheio de não me toque, com o rei na barriga.
Eu até confesso que sempre fiz as minhas chatices, e participei de briguinhas que não levaram a lugar nenhum, mas nunca me chateei e nem perdi amizade com ninguém por causa disso. Uma vez eu escutei a frase: “Briguem as ideias, jamais, os homens.” Eu achei essa frase bonita demais, e por isso, nunca briguei pessoalmente com ninguém por questões ideológicas.
Por isso, hoje, mais maduro, eu resolvi não alimentar brigas ideológicas, políticas e nem religiosas com ninguém. Não que eu não vá dar a minha opinião, e nem dizer o que eu penso sobre o assunto, mas quando eu perceber que a pessoa não quer interagir, e sim, ganhar em uma briguinha de ideias, ela vai ter que brigar sozinha, porque eu tô fora disso.
Pois, como disse algum filósofo, que não me lembro o nome: “É melhor ser feliz do que estar certo.”





sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Alguns desenhos



Eu gosto muito de escrever, mas também gosto de desenhar.
A correria da vida não deixa com que eu me dedique a essas duas paixões como eu gostaria, mas, de vez em quando eu consigo fazer alguma coisa.
Aqui pra vocês, um pouquinho da minha arte, arteira.
Meio tosca, mais ou menos bem feita, mas é de coração!